Revisitando os livros de bolso, onde queremos que caiba tudo o que tenha cabimento, a colecção « 13 x 18 » vem abrir espaço para escritas (des)formatadas em jeito de prosa, poesia ou ensaio. Liberdade em 234cm3, sem ajustes de contas! Desenganem-se, porém, os leitores que julgam que esta é uma colecção de livros de viagem, embora a viagem esteja subjacente aos títulos já publicados. Na verdade, poderia dizer-se que estamos a pensar nos historiadores do futuro que procurarão na literatura vestígios da «sociologia dos caminhos» dos finais do século XX e dos inícios deste louco século XXI, neste passar de milénio.
Um rezar de gentes, em que as suas memórias se multiplicam na árvore de uma alma comunitária que, contrariamente à ilusão da solidão entre as montanhas raianas, se estende no pomar do mundo. Este livro sabe bem de ler, colhem-se capítulos como quem rouba cerejas ou apanha amoras ao longo dos caminhos. Caminhos que saem da Beira para Espanha, França, Argentina, São Tomé e Príncipe, e vamos saboreando a delicadeza com que se reveste a rudeza dos tempos lembrados.
N’«O meu tio de Nantes» reconhecemos tantos dos que partiram de um qualquer Portugal profundo do século passado e o replicaram no álbum de fotografias que todos temos em casa, juntando famílias dispersas. Este novo volume da coleção 13 x 18 traz consigo uma forma de falar na Beira que está em extinção: ficamos com vontade de ligar à nossa mãe e pedir-lhe lembranças.
CARLOS DANIEL nasceu em São Martinho, Fundão. Filho de emigrantes, a sua formação na área técnica, jornalismo e marketing foi acontecendo num périplo por todo o país sem nunca abandonar as suas origens. Libertou-se para a escrita com a publicação do seu primeiro livro em 2005, «Foste tu que me escreveste de Sintra?». Seguiram- se A morte do rei de Espanha e, na sequência do Prémio Albano Martins, o seu primeiro livro de poesia, «Os meus dias». «O meu tio de Nantes» é o seu tributo às aldeias da Beira Baixa, à sua cultura e às suas gentes numa luta desigual pela sua sobrevivência
Vaivém é um livro de viagens contadas na primeira pessoa, na contramão de uma rotina pendular forçada. Passadas nos transportes públicos portugueses, as descrições e reflexões da autora revelam a inquietação de quem parte com a certeza de que o melhor encontro será o regresso.
HELENA ALMEIDA nasceu na Covilhã e cresceu no Fundão, de onde saiu para estudar Direito. Atualmente vive em Lisboa e mantém uma relação profunda e viva com a Beira Baixa.
“Não conheço na literatura portuguesa uma viagem de carro como esta, que balança entre o sexo, a revolta e o pensamento no futuro. Nada é definitivo, é a filosofia do narrador sem nome, que usa simultaneamente esta narrativa como pretexto de fuga do país e vade-mécum para mudar de vida. E que tem ressonâncias iniciáticas, pois o fim das ilusões é já a metamorfose de outro viver. Este livro sincero tem a força voluntariosa dos que querem arder na vivência. Não sabemos quantos litros de combustível gastou na sua viagem, mas sabemos os despojos das suas conquistas porque no-lo diz cruamente. E ainda bem, porque assim nos sentimos mais perto da sua vulnerabilidade desarmante. É sempre de admirar um carro chamado desejo.”
Manuel da Silva Ramos (do Posfácio)
H. M. S. PEREIRA nasceu na Covilhã e cresceu no Fundão, na Beira Baixa. Depois do liceu partiu para Lisboa, onde teve os primeiros empregos e frequentou a Faculdade de Letras. Aí fez os seus primeiros filmes amadores em vídeo e, entre 2007 e 2009, escreveu, o romance Operador de Call Center. Desde então escreveu alguns livros, hoje espalhados pela Internet e por algumas raras prateleiras: Manual de sobrevivência em português (2015); Interior e outras paragens —uma novela e três contos (2016) e 33 poemas de Bukowski (2019). Depois de tentar viver no Porto, pegou no seu carro velho e seguiu para o leste da Europa, onde faz traduções e alguns biscates. Nas suas palavras: «De um cu da Europa para o outro.» A este seu último romance, Os animais mortos na berma da estrada, foi atribuída uma menção honrosa no Prémio Literário União de Cidades Capitais da Língua Portuguesa 2020.